El anuncio lo hizo a pesar de que cuenta con cerca de 6 millones de seguidores. Una medida tras la decisión de la red social de priorizar la difusión de contenidos personales sobre los de carácter periodístico; "la decisión es reflejo de discusiones internas sobre los mejores caminos para hacer que el contenido del periódico llegue a sus lectores", explica
El diario brasileño Folha de Sao Paulo anunció que a partir de este jueves dejará de publicar en su página de Facebook, tras la decisión de la red social de priorizar la difusión de contenidos personales sobre los de carácter periodístico.
"La decisión es reflejo de discusiones internas sobre los mejores caminos para hacer que el contenido del periódico llegue a sus lectores", informó en su primera página.
"Las desventajas de utilizar Facebook como un camino para esa distribución se volvieron más evidentes después de la decisión de la red social de disminuir la visibilidad del periodismo profesional en las páginas de sus usuarios", agregó.
Los lectores podrán seguir compartiendo el contenido del diario a través de sus cuentas personales en la red social.
Folha argumentó además que la participación de Facebook en el tráfico externo al diario venía cayendo, desde un 39% del total de accesos en enero de 2017 hasta un 24% en diciembre.
Renato Cruz, especialista en medios digitales, explicó a la AFP que si bien el consorcio de medios Globo ya probó y abandonó esta estrategia entre 2013 y 2014, actualmente la disminución en el tráfico proveniente de Facebook demuestra que existe un contexto diferente, en el que también los medios apuestan por suscripciones digitales.
Para Cruz, la decisión de Folha generará cambios en la forma en que sus lectores consumen y comparten sus noticias; pero no asestará un golpe a Facebook, porque "al privilegiar el contenido de familiares y amigos, la red social reforzó su estrategia comercial: si una empresa quiere aparecer, tiene que pagar, sea de la prensa o no".
De acuerdo con Folha, el cambio editorial de Facebook también puede favorecer la divulgación de noticias falsas dejando a usuarios a merced de contenido no periodístico y polarizado.
Folha de S.Paulo, fundado en 1921, lidera las suscripciones digitales en Brasil, según datos del Instituto Verificador de Circulación (IVC), seguido por Globo, con sede en Rio de Janeiro. Es también el periódico brasileño con más seguidores en Facebook (5,95 millones).
Con más de 100 millones de usuarios, Brasil está entre los cinco países con más accesos mensuales en Facebook.
Así lo comunicó el diario:
Folha deixa de publicar conteúdo no Facebook
Jornal decide parar de atualizar sua conta após diminuição da visibilidade do jornalismo profissional pela rede social
A Folha deixa de publicar seu conteúdo no Facebook nesta quinta (8). O jornal manterá sua página na rede social, mas não mais a atualizará com novas publicações.
A decisão é reflexo de discussões internas sobre os melhores caminhos para fazer com que o conteúdo do jornal chegue aos seus leitores, preocupação que consta do novo Projeto Editorial da Folha, divulgado no ano passado.
As desvantagens em utilizar o Facebook como um caminho para essa distribuição ficaram mais evidentes após a decisão da rede social de diminuir a visibilidade do jornalismo profissional nas páginas de seus usuários.
O algoritmo da rede passou a privilegiar conteúdos de interação pessoal, em detrimento dos distribuídos por empresas, como as que produzem jornalismo profissional.
Isso reforça a tendência do usuário a consumir cada vez mais conteúdo com o qual tem afinidade, favorecendo a criação de bolhas de opiniões e convicções, e a propagação das "fake news".
Além disso, não há garantia de que o leitor que recebe o link com determinada acusação ou ponto de vista terá acesso também a uma posição contraditória a essa.
Esses problemas foram agravados nos últimos anos pela distribuição em massa de conteúdo deliberadamente mentiroso, as chamadas "fake news", como aconteceu na eleição presidencial dos EUA em 2016.
Sem conseguir resolver satisfatoriamente o problema de identificar o que é conteúdo relativo a jornalismo profissional e o que não é, a rede anunciou no mês passado que reduziria o alcance das páginas de veículos de comunicação, entre outros.
Em lugar desse tipo de link, passou a priorizar o conteúdo feito por amigos e familiares.
No caso da Folha, a importância do Facebook como canal de distribuição já vinha diminuindo significativamente antes mesmo da mudança do mês passado, tendência observada também em outros veículos.
Em janeiro, o volume total de interações (compartilhamentos, comentários e curtidas) obtido pelas 10 maiores páginas de jornais brasileiros no Facebook caiu 32% na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados compilados pela Folha.
Com a queda do alcance das páginas, o Facebook perde espaço como fonte de acessos a sites de jornalismo. De acordo com a Parse.ly, empresa de pesquisa e análise de audiência digital, a participação da rede social nos acessos externos caiu de 39% em janeiro do ano passado para 24% em dezembro.
O espaço vem sendo ocupado principalmente pelos mecanismos de busca, como o Google, que no mesmo período avançou de 34% para 45%.
A Folha tem atualmente 5,95 milhões de seguidores no Facebook. É o maior jornal brasileiro na rede social. As páginas das editorias somam outras 2,2 milhões de curtidas.
O jornal também tem perfis atualizados diariamente no Twitter (6,2 milhões de seguidores), Instagram (727 mil) e LinkedIn (726 mil).
Os leitores poderão continuar compartilhando conteúdo da Folha em suas páginas pessoais do Facebook.
Histórico
Anteriormente, o Facebook tentou cooptar as empresas de mídia para seu projeto Instant Articles. Nele, os veículos transferem gratuitamente seu conteúdo para a rede social, sem direito a cobrar pelo acesso a ele, em troca de acelerar o carregamento das páginas. A única remuneração oferecida pelo Facebook diz respeito à venda de anúncios dentro de sua plataforma. A Folha jamais aceitou as condições e nunca integrou o Instant Articles.
Em seu Projeto Editorial, em que periodicamente reafirma suas diretrizes jornalísticas, a Folha já falava dos aspectos mais problemáticos das redes sociais. "As redes sociais, que poderiam ser um ambiente sobretudo de convívio e intercâmbio, são programadas de tal modo que estimulam a reiteração estéril de hábitos e opiniões preexistentes", diz o texto.
"Em contraste com esse condomínio fechado das convicções autorreferentes, caberá ao conjunto dos veículos semelhantes à Folha enfatizar sua condição de praça pública, em que se contrapõem os pontos de vista mais variados e onde o diálogo em torno das diferenças é permanente."
Fuentes: Agencia AFP y Folha